Escalada estratégica: sanções e exercícios militares ampliam a pressão no conflito Rússia–Ucrânia

RISCO PARA O BRASIL: MÉDIO

→ EUA e UE impuseram novas sanções à Rússia, ampliando seu isolamento e elevando as tensões no conflito com a Ucrânia. Putin respondeu com exercícios nucleares estratégicos, enquanto Zelensky defendeu um cessar-fogo nas linhas atuais, buscando apoio americano e pressionando Moscou. 

→ Putin rejeita o cessar-fogo proposto por EUA, UE e Ucrânia. Washington mantém o envio de armas a Kiev para pressionar Moscou. Parceiros da Rússia, como a Índia, buscam novos fornecedores de petróleo, favorecendo exportadores emergentes como o Brasil. Na Europa, as sanções elevam os custos de energia e pressionam a inflação.

Escrito por Daniel Meyer

EUA e UE anuncia novas sanções à Rússia:

A União Europeia e os Estados Unidos anunciaram um novo pacote de sanções contra a Rússia, incluindo medidas como a proibição das importações de gás natural russo, a proibição de transações com as principais petrolíferas russas, além de restrições no sistema financeiro e diplomáticas. Tal medida aprofunda ainda mais o afastamento da Rússia em relação à Europa, o que deve incentivar o país a intensificar seus laços com nações da Ásia Central e com a China, e também fragilizou as relações com os EUA, uma vez que estes abandonaram a abordagem diplomática, colocando uma maior ênfase na pressão econômica.

A Europa também está sujeita a impactos negativos. O choque de oferta gerado tende a provocar um aumento dos custos de energia, o que deve resultar em uma alta geral de preços no continente europeu, incentivando a busca por novos fornecedores energéticos, principalmente no Oriente Médio onde países como Israel e Arábia Saudita despontam como alternativas. Para os EUA, as sanções representam um aumento das pressões sobre Moscou, mas sem impactos mais significativos.

Zelensky apoia um cessar-fogo imediato

Zelensky declarou como um “bom compromisso” congelar a guerra nas atuais linhas de frente, reiterando seu apoio à um cessar fogo imediato. O presidente ucraniano, assim como outros líderes europeus, entende que insistir no conflito contra a Rússia é uma estratégia ineficaz pois diminui o apoio americano à Ucrânia, como foi durante o encontro entre Trump e Zelensky em fevereiro. Zelensky sabe que Putin só aceitará um cessar-fogo que envolva alguma garantia de que a Ucrânia não fará parte da OTAN ou que lhe de controle sobre porções maiores de território, visto que um cessar-fogo que não traga ganhos tangíveis será considerado uma derrota e trará impactos negativos para o regime de Putin na Rússia. Zelensky ainda tem como objetivo principal retomar o território ucraniano perdido, mas muda sua estratégia para alinhar-se à postura de Washington e pressionar a Rússia que, caso não aceite o cessar-fogo, enfrentará um exército ucraniano melhor armado pelos EUA.

Rússia realiza exercícios nucleares diante de tensões

Diante das crises provocadas pelas sanções da UE e dos EUA relacionadas ao conflito entre Rússia e Ucrânia, o presidente Vladimir Putin supervisionou um exercício das forças nucleares estratégicas russas, no qual o governo informou ter testado mísseis balísticos intercontinentais em bases no território russo. A ação é vista como uma demonstração de força estratégica e uma resposta à crescente pressão externa. Em resposta, Trump aprovou o retorno do teste de armas nucleares, mostrando que não será intimidado por Moscow e manterá sua postura em relação à Ucrânia. 

O que a Index prevê? 

• Putin não aceitará o cessar-fogo imediato e incondicional proposto pelos Estados Unidos e apoiado pela União Europeia e Ucrânia

• Estados Unidos continuarão a fornecer armamentos para o exército ucraniano para pressionar a Rússia

• Diante das sanções impostas pela UE e pelos EUA, é esperado um aumento na busca por novos fornecedores de petróleo por países tradicionalmente parceiros da Rússia, como a Índia, o que pode impulsionar exportações de produtores emergentes, entre eles o Brasil.

• Tendência de aumento geral dos índices de preços europeus diante do choque de oferta após sanções e o aumento do custo energético.