Relações comerciais fragilizadas entre EUA e Canadá
- Index Political Risk
- há 2 dias
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RISCO PARA O BRASIL: BAIXO
→ O comercial crítico do governo de Ontário sobre as tarifas de Trump levou a um aumento tarifário de 10% e à interrupção de transações comerciais. Em resposta, Mark Carney busca diversificar o comércio internacional para reduzir a dependência econômica dos EUA. A estabilidade comercial da região enfrenta uma ameaça com a revisão do USMCA em 2026.
→ O Canadá continuará buscando novos acordos comerciais para mitigar o impacto das tarifas e a tensão persistirá enquanto houver dependência canadense do mercado estadunidense. Espera-se mais controle federal sobre a política externa para evitar ações provinciais que prejudiquem os interesses nacionais. A expiração do USMCA é improvável, pois geraria prejuízos na cadeia de suprimentos dos EUA.
Escrito por Anna Ruiz, Ana Clara Guitti, Ana Luisa Ferreiro

Fonte: Ludovic Marin/AFP/Getty Images
As relações entre o Canadá e os EUA estão fragilizadas após uma propaganda criticando as tarifas
O governo da província de Ontário, no Canadá, produziu um comercial criticando as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump sobre o país, o que gerou uma ruptura diplomática entre os dois. Em resposta, Trump encerrou transações comerciais com o Canadá que estavam em andamento, e isso demarca um distanciamento que nunca ocorreu entre os dois países. O presidente americano ainda aumentou as tarifas sobre o Canadá em 10%, o que traz altos riscos nas cadeias de suprimentos de ambos, especialmente nos setores agrícola e energético. O premiê canadense, Mark Carney, afirmou ter exigido o fim da veiculação do comercial como forma de conciliar suas relações. Outros governos provinciais canadenses apoiaram as políticas de Ford, mas Carney acredita que lidar com negociações deve ser uma responsabilidade do governo federal.
Carney tenta reduzir a dependência nos EUA a partir da exploração de novos mercados internacionais
Devido ao anúncio de Trump sobre o aumento das tarifas e sobre a ausência de uma retomada de negociações comerciais com o Canadá, percebe-se uma tentativa de Carney de implementar medidas comerciais que contrabalancem as perdas econômicas das tarifas ao tentar encontrar novos mercados para os seus bens exportados ao invés de negociar com os EUA. Dessa maneira, o Canadá está reiniciando negociações comerciais com a Índia para dobrar o comércio bilateral entre ambos, além de se reunir com o presidente chinês Xi Jinping para resolver pendências e atritos comerciais. Mesmo que Carney tente diversificar o seu comércio internacional até mesmo com a Índia e a China, países com os quais o governo canadense possui impasses diplomáticos, essa medida econômica possui limites acerca de seus efeitos de curto e médio prazo devido à dependência do Canadá no comércio com os EUA.
Revisão do USMCA em 2026 será uma ameaça à estabilidade comercial no Canadá
Durante o sorteio da Copa do Mundo 2026, houve uma breve conversa entre Trump, Carney e Sheinbaum sobre a revisão do acordo entre EUA, México e Canadá, o USMCA, que ocorrerá em 2026. Trump ameaçou deixar o acordo acabar ou substituí-lo por acordos bilaterais separados com o México e o Canadá, por terem relações completamente diferentes. Esta atitude desmantelaria o bloco comercial trilateral que, segundo Carney, blinda o Canadá da maior parte das tarifas. Sem ele, o país perde a estabilidade regulatória que o USMCA oferece às empresas norte-americanas que investem no Canadá e cria barreiras comerciais entre os países, que são grandes parceiros de exportação de bens e serviços. Apesar do aumento das tarifas em 10%, o futuro do comércio da região também depende do resultado da revisão do acordo.
O que a Index prevê?
O Canadá permanecerá tentando firmar acordos comerciais com outras nações para compensar os efeitos econômicos das tarifas americanas.
A tensão entre os países deve continuar uma vez que o Canadá tem alta dependência do mercado americano, tornando-se um alvo fácil para pressões contínuas via acordos comerciais e tarifas.
É altamente provável que o governo federal canadense passe a controlar mais os posicionamentos e ações do país diante de relações exteriores, no lugar dos governos provinciais. Isso ocorrerá pois o desalinhamento da política interna do país traz riscos para os interesses nacionais.
Embora Trump use a ameaça, é improvável que o presidente permita que o USMCA expire, pois isso criaria um vácuo regulatório e econômico que prejudicaria a cadeia de suprimentos dos EUA, especialmente na agricultura e na indústria energética, criando incentivos para pressão doméstica sobre as políticas externas.
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